Você desiste ou fracassa?


Postado por: Yoshio Kawakami

“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. A frase estava num quadro do Coffee Shop da Livraria da Vida, em SP, e reflete uma questão importante na vida profissional.

Fracasso é um termo um tanto fatalista, como se já não houvesse mais possibilidade de recuperação e soa quase como uma condenação. Na vida profissional, desde que não seja um problema ético (às vezes até isso é contornado), não há nada tão terrível assim, pois todos nós temos falhas.

Mas se mudarmos de “fracasso” para “falha”, acho que a pergunta fica de bom tamanho e faz sentido para o questionamento.Como você tem sido com seus projetos e planos? Você tem falhado ou desistido?Não me diga que você nunca falhou ou desistiu! Isso não seria muito bom. Isso seria provavelmente uma indicação de que você tem tentado pouco ou que seus projetos tem sido tímidos…

O fato é que os desafios são importantes para o crescimento profissional. Mesmo que a intenção não seja de mudar o mundo a cada manhã, sem desafios significativos, não evoluímos.

“Expandir o envelope” é o termo que usamos para identificar a busca consciente de desafios que nos fazem crescer. Literalmente, buscamos desafios para estender o nosso horizonte profissional e pessoal. É o exercício que ao longo dos anos, nos leva ao pleno desenvolvimento dos nossos potenciais.

Obviamente buscam-se desafios que estejam sempre um pouco além dos limites que já conhecemos.

Algumas pessoas são simplesmente destemidas e aparentemente muito desprendidas para correr riscos, enquanto outras parecem sempre demasiadamente cautelosas em tudo, parecendo que estão em preparação todo tempo.

O naturalmente destemido vai aprendendo pelos bons e maus resultados alcançados, e percebe que a “faixa de aceitação” de erros é mais ampla que se imagina, assim como as consequências são menores que as temidas. Mas também pode aprender que um pouco de bom senso nas escolhas pode melhorar a proporção de sucessos e a apreciação da organização.

No entanto, creio que a maioria gosta da sua zona de conforto, e de operar dentro dos limites conhecidos, para agir com desenvoltura profissional, segurança e confiança.

Mas é quando lidamos com o novo e o desconhecido que pensamos muito mais, planejamos melhor, analisamos mais profundamente e trabalhamos com a mente alerta aos sinais e às sutilezas. É neste estágio de prontidão é que reproduzimos as condições primitivas de luta pela sobrevivência que faz a seleção dos mais capazes da espécie.

O medo é a sensação de alerta ao perigo que nos permite evitar riscos demasiados e nos ajuda a sobreviver. Profissionalmente, o medo é normal e o crescimento exige compreender o seu próprio medo para controlá-lo. Porque temos medo no trabalho? Porque podemos perder algo de que gostamos ou precisamos.

É difícil evitar o “gostar”, mas é mais fácil evitar o “precisar”. Um bom preparo financeiro pode eliminar ou pelo menos reduzir o medo proveniente do “precisar”. Por isso há que se ter um desapego consciente sobre o gostar também.

O permanente jogo de sedução que se apresenta no trabalho é a empresa tentando prover as condições para você “gostar”, para retê-lo, enquanto o seu lado profissional consciente procura os desafios para crescer. Quando as duas coisas ocorrem no mesmo ambiente, cria-se a condição de sinergia.

Por isso é importante perceber se você está tentando mesmo. O fracasso nos ensina muito mais do que a desistência. É doloroso e desagradável, mas é uma ótima maneira de transformá-lo num profissional consistente.

“No pain, no gain”, já foi muito usado, mas ainda continua valendo.

É a experiência de enfrentar os desafios e o seu aprendizado, mesmo fracassando, que constrói a auto-confiança necessária para alcançar o sucesso em projetos e atividades maiores.

Além do mais, a vida é mesmo curta e vale a pena ser vivida na sua plenitude. A vida profissional também pode ser uma fonte de grandes realizações e satisfações.

E então, você tem desistido ou falhado? Tem falhado o suficiente para seguir aprendendo?

 
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