Variabilidade Qualitativa e Quantitativa dos Materiais do Concreto


Sabe-se que a uniformidade do concreto é função da uniformidade de seus materiais componentes. Por isso, faz-se necessário analisar a sensibilidade da qualidade do concreto produzido em relação à variabilidade desses componentes.

Com esse intento, a Tabela abaixo resume a avaliação qualitativa da influência das propriedades dos materiais na variabilidade do concreto.

Helene e Terzian (1992) expõem essa influência em termos quantitativos de efeitos, atentando para o fato de que essa influência (mostrada na Tabela abaixo) se trata da variabilidade normais geralmente encontradas em materiais do mesmo tipo e procedência. Isso quer dizer que a troca de tipos de classe de cimento e erros grosseiros na proporção (dosagem) do materiais, ou na mistura, ou nas operações de ensaio não foram computadas.

É intuitiva a constatação de que concretos produzidos em diferentes localidades certamente apresentam maior variabilidade em suas propriedades, haja vista que os materiais (além das demais variáveis, como o rigor do processo produtivo em si) disponíveis em cada localidade possuem características próprias que influenciam de maneira distinta nas propriedades mecânicas do concreto.

Helene e Terzian (1992) explanam bem sobre esse aspecto dos materiais, e concluem que, desprezando a possibilidade de erros grosseiros ou de má-fé, a relação água/cimento é, seguramente, o fator que mais influi na variabilidade da resistência à compressão do concreto.




Variabilidade devida aos ensaios

Dispersões oriundas da coleta de exemplares, moldagem, cura, capeamento e ruptura dos corpos de prova podem ser responsáveis por introduzir variações na resistência que não correspondem a variações no concreto da estrutura.

Conforme Porrero (1983), as principais fontes de variação devida aos ensaios são:

 Tomada inadequada da amostra;
 Moldes deficientes, desgastados, deformados ou feitos de material inadequado;
 Técnicas inadequadas de compactação;
 Transporte prematuro do molde;
 Conservação inadequada dos corpos de prova antes de serem desmoldados;
 Cura inadequada dos corpos de prova;
 Capeamento excessivamente grosso ou mal executado;
 Prensas mal calibradas ou não calibradas.

Portanto, é esperado que concretos coletados e ensaiados por uma única empresa tenderão a apresentar variabilidade que concretos coletados e ensaiados por diferentes empresas. É também importante, neste aspecto, ressaltar a importância de contratar, para os procedimentos de coleta e ensaio, laboratórios idôneos, que, preferencialmente, possuam algum tipo de certificado de qualidade emitido por órgão padronizador.

Variabilidade devida aos equipamentos de produção

De acordo com Santiago (2011), o bom estado dos equipamentos de produção do concreto, bem como a tecnologia neles embarcada, constitui um fator de influência na variabilidade dos resultados, sendo determinante na obtenção de concretos de boa qualidade.

Recomenda, ainda, a ABNT NBR 12655 (2006), em seu Item 5.5, que a operação do equipamento utilizado na mistura do concreto seja exercida observando-se as especificações do fabricante quanto à capacidade de carga, velocidade e tempo de mistura.

Infere-se, desta forma, que concretos preparados em diferentes equipamentos apresentam maior variabilidade que aqueles produzidos por um mesmo equipamento.

Variabilidade devida à operação de mistura

A operação consiste no conjunto de procedimentos necessários à obtenção do concreto a partir dos materiais e equipamentos disponíveis. Tais procedimentos, aliados à qualidade dos materiais e aos equipamentos utilizados, são suficientes para a obtenção de um concreto de boa qualidade (SANTIAGO, 2011).

A ordem de colocação dos materiais no equipamento de mistura também constitui influência na qualidade do concreto e, por conseguinte, na sua resistência à compressão, avaliada pelos ensaios de corpos de prova.

Os procedimentos destinados à confecção do concreto devem ser bem conduzidos, a fim de conferir menor variabilidade das propriedades mecânicas do produto.

Em analogia ao comentário sobre os equipamentos, convém observar que os concretos produzidos por uma mesma central dosadora resultarão em menor variabilidade do que aqueles produzidos por diferentes centrais dosadoras, uma vez que seus procedimentos de operação são potencialmente distintos.

A Figura ilustrativa abaixo ilustra bem atuação dos diversos fatores que intervêm na qualidade final do concreto, desde os fatores de produção até os relacionados à operação de ensaio e controle.


Extraído de :

https://www.ufpe.br/eccaa/images/documentos/TCC/2013.1/tcc2_versaofinal201301%20-%20carlos%20henrique%20selegin.pdf

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