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Módulo de Elasticidade: Molas, Britas e Equações



Peço licença aos colegas mais bem informados sobre o tema, para fazer uma analogia que tenho o costume de usar, para explicar em meus treinamentos oque é o Modulo de Elasticidade do Concreto (Ec). Todos se lembram do segundo grau, quando a professora de física desenhava o diagrama abaixo no quadro:


Ela explicava que o valor do deslocamento que a mola sofria, era função da força aplicada (m*a) e do coeficiente de elasticidade da mola (k). Ela provavelmente continuava desenhando um segundo diagrama, onde a massa era a mesma, mas o deslocamento na segunda mola era maior, mostrando que seu coeficiente de elasticidade era menor.

O concreto, assim como as molas, também se deforma sobre a ação de forças, sem que isso necessariamente coincida com a sua ruptura. Assim como as molas, o concreto sofre deformação elástica (deforma-se mantendo a capacidade de retroceder à posição inicial) ou plástica (quando não é mais capaz de reassumir a forma original, sessado o esforço). A diferença mais evidente entre as molas e o concreto é a quantidade de deformação possível. No concreto, os deslocamentos são sub-milimétricos quando o esforço aplicado é axial (na compressão, por exemplo). Em termos percentuais não ultrapassa 0,3% (três por mil), atingindo a ruptura neste limite de deformação.

A deformação é pequena, mas existe. E quando do dimensionamento das estruturas, conhecer esta quantidade física é muito importante. Quem já foi em estádios de futebol em dias de jogos, talvez possa dar um testemunho melhor que o meu, sobretudo se estivermos falando do estádio “Mineirão”, famoso por seu balançar próximo ao desconforto nas arquibancadas. E as deformações nas estruturas de concreto são relacionadas, principalmente, a duas grandezas: O momento de inércia, que é função da geometria da peça concretada e o Módulo de Elasticidade, Ec, que pode simplistamente ser comparado ao coeficiente de elasticidade da mola. Ou seja, o Ec poderia ser o “k” do concreto.



Ora, ainda aproveitando a analogia, é perfeitamente esperado que mesmo que duas molas distintas sejam feitas com a mesma quantidade do mesmo aço, tenham coeficientes k totalmente distintos. Basta que hajam diferênças em seu desenho, espessura do fio, ou no modo como oferece liberdade de movimento. O fato é que se deformarão em quantidades diferentes mesmo que a resistência do material que as compõe seja a mesma. Outra verdade é que existem limites inferiores e superiores para essa elasticidade, de modo que existem molas hipotéticas “moles” demais ou “duras” demais para serem produzidas. Parece que com o concreto acontece a mesma coisa.

No primeiro caso, está se tornando um consenso que concretos de mesmo fc (resistência à compressão) podem ter diferentes valores de Ec. Essas diferenças podem ter origens diversas. O Mestre Esdras de França, certa vez investigou como diversas origens mineralógicas usadas como agregados no concreto afetam o Ec. Eu mesmo pude estudar o que acontece quando variamos a granulometria dos agregados e a proporção entre agregados miúdos e graúdos. O que eu vi é que estas variações afetam mais o Ec que o fc. E acredito existirem ainda outras influências como a qualidade da zona de transição, o uso de aditivos plastificantes baseados em dispersão, relação entre a quantidade de pasta e o índice de vazios do esqueleto granular do traço, a adição de materiais pozolanicos e outros parâmetros que afetam também a resistência à compressão. Porem eu acredito que a relação entre tais fatores e o Ec, é bastante diferente.



No segundo caso, a cada dia que passa, eu estou mais convencido de que existem assíntotas inferior e superior para a função que relaciona o fc e o Ec. Analisando a equação proposta pelo Hugo Monteiro, e o trabalho do meu amigo Silvio, posso ver que não importa quão fraco seja um concreto à compressão, ele parece não apresentar um Ec inferior a um dado limite. E não importa quanto se reduza o fator água / cimento em busca de um fc cada vez maior, porque o Ec não vai subir proporcionalmente. A partir de um determinado limite, cada GPa que se eleva no Ec, significa uma demanda maior de Mpa do fc, até que não se consegue subir mais o Ec. Vez ou outra me deparei com traços de concreto que ultrapassaram essas duas linhas psicológicas que vou traçar agora, mas parece que na maioria das vezes o concreto tende a ter um Ec não menor que 20 GPa e não muito maior que 35 GPa (aproximadamente). São valores ainda muito arbitrários, careço enormemente estudar mais o tema, testar muito mais para obter a repetibilidade necessária. Mas se eu fosse propor uma função para relacionar as duas grandezas, (fc e Ec) tenho a impressão que seria como o segmento de uma senóide, em forma de “S”, com limites tendendo a 20 e 35 GPa em duas paralelas às abcissas.

Entretanto, a equação que é proposta pela norma brasileira ainda determina uma relação linear e direta entre fc e Ec, apesar da recente revisão. Mesmo incluindo a recomendação de que a equação apresentada deve ser usada na ausência de experiências de laboratório isso pode muito bem significar que eu estou completamente enganado em tudo que foi dito acima e basta elevar o fck do concreto para se obter valores de Módulo de Elasticidade proporcionalmente maiores. Se assim for, eu estou em uma espécie de enrascada, porque parece que não estou conseguindo. E tenho notícias de outros colegas que também não conseguem obter relações lineares. Então, têm acontecido coisas bastante graves:

1.       Os projetistas determinam o uso de concretos de elevada resistência à compressão, com fck da ordem de 35 a 50 Mpa, com a exigência de se obter valores igualmente elevados de Módulo de Elasticidade, entre 33 e 40 GPa, aparentemente muito difíceis de se atingir;

2.       O comprador omite a especificação de Ec do projeto, na hora de solicitar o concreto, por esquecimento ou por acreditar ser uma simples consequência do fck;

3.       À medida que mudam as conduções de contorno da obra, a concreteira altera o slump, o tamanho de brita e o teor de argamassa do traço de concreto. Faz isso para conseguir bombear cada vez mais alto, mais longe ou em locais menos acessíveis. E faz sem a devida reavaliação do Módulo de Elasticidade;

4.       Durante a negociação, a concreteira oferece à construtora o fck solicitado, considerando que o Ec será atingido, conforme preconizado na norma, sem verificar se está realmente acontecendo.
Então, cabe a todos nós fazermos nossos deveres de casa. O projetista deve se inteirar sobre os limites máximos de Ec que as concreteiras estão obtendo, para não contar com comportamento inatingível pelo material. Nós, concreteiros, precisamos conhecer bem o funcionamento do nosso concreto e tratar como uma responsabilidade adicional e não complementar ao fck. E os construtores precisam entender que nem todo concreto que atende ao fck atende também ao Ec.

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8 dicas para acalmar clientes irritados

Por André Silva

  1. Mantenha o controle emocional sem demonstrar desequilíbrio. 
  2. Se o cliente xingá-lo, permaneça calmo e responda com paciência. Esse é um sinal de força, e não de fraqueza. 
  3. Evite suspirar frequentemente, pois isso demonstra aborrecimento e impaciência para o cliente. 
  4. Olhe nos olhos do cliente e demonstre firmeza nas suas explicações. Isso vai passar segurança e confiabilidade. 
  5. Deixe o cliente falar até o fim, sem interrompê-lo, e valorize suas colocações, mesmo que você saiba a solução para o problema dele. 
  6. Evite falar a palavra "calma", porque é tudo o que o cliente não quer ouvir. 
  7. Mantenha uma posição corporal que não amedronte o cliente. Fique longe o suficiente para dar espaço a ele. Não fique muito próximo, pois isso pode aumentar a irritação do cliente. 
  8. Não toque numa pessoa irritada, em especial se ela parece ser potencialmente violenta. Isso pode estimular ainda mais a agressividade dela.

André Silva é vendedor e palestrante na área de vendas. 

Site: www.palestranteandresilva.com.br
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Empacotamento(4)- influencias



De uma forma geral, o empacotamento aleatório de monodispersões (partículas de um único tamanho) esféricas resulta sempre em um mesmo fator de empacotamento (≈ 0,60-0,64), porém uma série de fatores pode alterar o empacotamento de um determinado conjunto de partículas.

1-      O primeiro a ser considerado é a existência de partículas com distribuições granulométricas diversas alterando a condição de dispersão inicial. Com isso, podem-se obter sistemas com fatores de empacotamento elevados - próximos de 1 - até misturas onde esse fator se aproxima do nível das monodispersões.

2-      O outro fator que pode alterar a condição de empacotamento é a morfologia das partículas. Quanto menos esférica for a partícula, menor será a densidade de empacotamento de uma distribuição que a contenha, pois se verifica o atrito entre as partículas a partir do contato de suas superfícies irregulares. Quanto menor o tamanho das partículas irregulares, maior será esse efeito, devido à maior área superficial específica.

3-      A porosidade interna das partículas também altera a densidade de um material. As partículas podem ser totalmente densas, com porosidade interna fechada ou com porosidade aberta. Para se obter um empacotamento com densidade máxima, considerando uma determinada distribuição granulométrica, é necessário que se utilizem partículas não porosas; porém essas partículas não são as mais usuais. Para efeito de distribuição granulométrica, as partículas que apresentam porosidade fechada são semelhantes às densas, porém resultam em misturas com densidade superior. Já as partículas que apresentam porosidade aberta perturbam o empacotamento devido ao seu formato irregular e também resultam em misturas com menores densidades de empacotamento. Empacotamentos com menor porosidade podem ser obtidos se os vazios existentes entre as partículas de uma dispersão forem preenchidos por partículas menores que os mesmos. Porém, caso sejam introduzidas partículas maiores que os vazios existentes, essas promoverão o surgimento de novos vazios, levando a um aumento na porosidade e redução da eficiência do empacotamento. Assim, a sequência de preenchimento dos vazios existentes entre as partículas, ou melhor, a distribuição granulométrica do sistema determina o aumento ou não da densidade de empacotamento da monodispersão.
Aproximadamente metade das partículas de adições minerais e dos cimentos tem formato próximo ao de uma esfera, porém a porção relativa dessas partículas diminui durante o curso da hidratação de suspensões à base de cimento em decorrência da formação de partículas com forma irregular, o que é mais evidente em misturas contendo sílica ativa. Assim, as primeiras horas da hidratação de suspensões à base de cimento são caracterizadas por variações no diâmetro efetivo e na distribuição granulométrica das partículas. Diversos fatores contribuintes acontecem simultaneamente: por um lado, a dissolução das partículas de cimento e a diminuição do seu diâmetro efetivo; e, por outro lado, a aglomeração das partículas pequenas.

Analisando a influência da distribuição granulométrica sobre a densidade de empacotamento e o grau de hidratação de um sistema à base de cimento verifica-se que uma distribuição contínua de partículas é muito procurada para o estado de empacotamento, enquanto uma distribuição heterogênea é mais adequada para a taxa de hidratação. Assim, os dois efeitos são exatamente opostos; porém, para as propriedades dos materiais, eles devem ser considerados simultaneamente: por um lado, uma maior densidade de empacotamento é necessária, enquanto que, por outro lado, um maior grau de hidratação é desejável. Resumidamente, o material deve ter a menor porosidade possível Além disso, a dosagem de uma mistura depende da densidade de empacotamento: a menor porosidade é coincidente com a máxima densidade de empacotamento, onde o grau de hidratação é geralmente menor, definindo a dosagem ótima para uma mistura. Isso mostra que o efeito da densidade de empacotamento é o fator mais importante.

A distribuição granulométrica também pode influenciar na demanda de água necessária para produzir uma mistura com trabalhabilidade adequada aos processos de aplicação e adensamento. A demanda de água da mistura está relacionada com a área superficial e com densidade de empacotamento das partículas: quanto maior a área superficial e menor a densidade de empacotamento, maior a demanda de água. Assim, mantendo-se a área superficial constante, quanto mais estreita for a distribuição granulométrica das partículas, maior será a demanda de água para se obter uma mistura com trabalhabilidade adequada.

Quando a relação água/cimento é mantida constante, a área superficial aumenta com o aumento da densidade de empacotamento. Em outras palavras, pode-se dizer que a área superficial pode aumentar sem acréscimo da demanda de água por meio de ajuste na distribuição granulométrica das partículas. Porém, deve-se observar que esse efeito é muito limitado: como a densidade de empacotamento é menor que 1, deduz-se que a área superficial máxima seja igual a razão entre a relação água/cimento e espessura do filme d'água ao redor das partículas; quando a área superficial for maior que a área superficial máxima, o aumento desse parâmetro sempre será acompanhado de um aumento na demanda de água.

Além dos fatores relacionados com as características do sistema de partículas - distribuição granulométrica, morfologia, porosidade - a forma como essas partículas são colocadas em suas posições de equilíbrio deve ser considerada quando se deseja obter empacotamento máximo. No empacotamento de camadas sucessivas, cada camada monodispersa possui o mesmo fator de empacotamento e a mistura de diversos diâmetros não contribui para o preenchimento dos vazios existentes entre as partículas, resultando em um empacotamento global semelhante ao de uma monodispersão; porém, quando as partículas menores ocupam os interstícios entre as partículas maiores, o empacotamento é otimizado, diminuindo a porosidade do sistema. Assim, uma mesma distribuição granulométrica pode gerar empacotamentos distintos dependendo da técnica de compactação adotada.

O estado de dispersão das partículas também deve ser considerado quando se busca um empacotamento máximo. A dispersão inadequada de partículas (formação de aglomerados) pode alterar a curva de distribuição granulométrica inicialmente prevista, aumentando o diâmetro mínimo efetivo da composição e, assim, reduzindo a densidade de empacotamento. Além disso, os aglomerados formados equivalem a partículas vazias que originam poros na microestrutura, prejudicando o desempenho mecânico do produto gerado.



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Para cada tipo de solo, um tipo de radier


11 de dezembro de 2013
Para projetar e dimensionar esse tipo de laje, é preciso fazer o equilíbrio entre cálculo estrutural e análise do terreno onde ele será construído
Por: Altair Santos
O engenheiro civil Fábio Albino de Souza é um dos principais estudiosos de radier no Brasil. Recentemente, no 55º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) ele promoveu curso sobre essa tecnologia que, no país, ainda é pouco explorada. Sua preocupação é mostrar que um radier resistente depende de que o projeto saiba fazer o equilíbrio certo entre cálculo estrutural e estudo do solo. O terreno é que irá definir se o radier será estaqueado ou não, que tipo de concreto será usado para fabricar a laje e até se ele poderá ter armação ou não. É sobre esses critérios técnicos que Fábio Albino de Souza concedeu a entrevista a seguir:

Fábio Albino de Souza: falta uma normativa específica para radier no Brasil
Qual seria a melhor definição para radier?
Durante anos pesquisei a origem do termo radier e tenho fundamentado que a origem é romena, onde no passado foi muito utilizada nas fundações dos aquedutos. Uma definição mais atual, própria para nossos dias, é a fornecida pela ACI 360R-10 (2010) que define radier como uma laje sobre solo cuja principal finalidade é suportar as cargas aplicadas através da tensão admissível de suporte do solo (capacidade do solo).

No Brasil, o radier ainda é usado, em sua maioria, para a construção de casas e sobrados ou ele já é aplicado em obras de maior porte?
É muito importante comentar que até o momento o Brasil não possui uma normativa específica para radier. Essa restrição dificulta muito a utilização desse sistema de fundação. De uma maneira geral, no nosso país a maioria dos radiers são para casas de baixo custo, seja térrea ou sobrado, o que no meu ponto de vista é um preconceito com o sistema. Em outros países, a primeira opção a se avaliar é o radier; no Brasil, é a última opção. Isso, independentemente do porte da construção. Felizmente hoje já temos edifícios com 12 andares feitos no Brasil comradier, mas necessitamos divulgar mais essas realizações.


Radier armado, com concreto protendido, gera economia de até 30%
Até que ponto o tipo de solo influencia no tipo de radier que se deve usar?
Gosto de dizer que o projeto e o dimensionamento de um radier é metade cálculo estrutural e metade uma análise de solo. Não adianta conhecer 100% de análise estrutural e 0% de solo e também não adianta conhecer 100% de análise de solo e 0% de análise estrutural. Deve-se ter as duas coisas em 100%, ou seja, você tem que saber muito bem de análise estrutural e muito bem de solos. O tipo de solo influência diretamente na escolha do tipo de radier. Por exemplo: vamos imaginar que tenho solo expansivo e necessito construir uma residência comportada com essas características. Provavelmente o tipo de radier mais adequado vai ser um radier nervurado, com mais rigidez, pois posteriormente, nas verificações de levantamentos devido ao comportamento do solo, se for utilizado um radier de espessura uniforme, estaríamos contra a segurança ou gastando mais que o necessário. Somente a fim de complemento desse tema, muitos casos de insucessos no Brasil com relação a radier foram cometidos por ignorar os tipos de solo e tentar implantar um método de outro país nas condições brasileiras. Um dos meus grandes objetivos é adaptar essa transferência de tecnologia que outros países oferecem para as nossas condições, no intuito de reescrever um novo capítulo deradier no nosso país.

Um radier pode ser estaqueado? Caso sim, em que tipos de construção ele é usado?
Temos muitas situações onde a opção do radier estaqueado é adequada. Vou citar duas: 1) Estive recentemente na Cidade do México, e somente para referendar é um dos piores solos do mundo, se não for o pior. Lá vi muitas construções com radier estaqueado, inclusive com estacas de pedra nas construções mais antigas. Como o solo é muito ruim, e tem baixíssima capacidade de suporte, faz-se uma laje de transferência com estacas. Como o próprio nome diz, a laje transfere a carga para as estacas. Dá para levar em consideração essa capacidade de suporte dalaje no solo ou não. Inclusive pode ser considerado isso ao longo da vida útil da estrutura, uma vez que na Cidade do México inicialmente o solo estaria contribuindo muito pouco. Porém, depois de um tempo, o solo descolaria do radiere não estaria contribuindo, fazendo só funcionar as estacas. Mas tudo isso deve ser tratado com muito cuidado e muito critério, pois o comportamento estrutural do radier vai mudar.

2) Existem casos de edifícios altos onde as cargas nas fundações são elevadas, e com isso o diâmetro das estacas é grande. Consequentemente, o tamanho dos blocos também. Assim avalia-se a área total dos blocos pela área de projeção do edifício. Se esse valor for maior que 50%, não é recomendado fazer blocos isolados e sim um radierestaqueado. Esse é o caso do edifício mais alto do mundo, o Burj Khalifa.



Estudo do tipo de solo é que vai definir o modelo de radier a ser usado
Existe radier com armação e sem armação? Qual a diferença e para quais obras é possível usar o sem armação?
Primeiramente, é plausível explicar que muitas normativas no mundo proíbem ouso de radier sem armadura, embora seja possível fazer. Basicamente, o cálculo de um radier não armado é limitado ao módulo de ruptura do concreto, que é o quanto o concreto resiste de tração na flexão. De uma maneira grosseira, podemos dizer que essa parcela é 10% da resistência à compressão, ou seja, o concreto não é um material que resiste bem à tração. Como mencionado, é possível fazer um radier não armado com essa técnica, mas digo sempre: será que as condições de projeto são as condições reais no campo?  Esse é o grande xis da questão e posso afirmar categoricamente que esse tipo de radier não aceita um mínimo recalque. Qualquer mínimo recalque, todo aquele cálculo vai por água abaixo e o radier vai fissurar. Outro ponto importante para radier sem armadura é que você deve ter uma excelente equipe de execução, bem como um engenheiro tecnologista doconcreto pronto para combater as fissuras de retração plástica e não deixar esse radier fissurar após a concretagem. Sobre o radier armado com aço CA 50 ou CA 60, é uma laje sobre base elástica comum, sem muitos segredos. É o nosso concreto armado de cada dia. Hoje não recomendo o uso de radier sem armadura nenhuma. Talvez o uso de fibras possa ajudar, mas vale lembrar que as fibras não são armaduras. É uma outra técnica com conceitos e critérios diferentes onde o tipo de fibra, tamanho da fibra, relação de aspecto da fibra, entre outros fatores, podem influenciar.

Com relação ao concreto, quais os mais usados para se fabricar radier?
Com relação aos concretos, além das propriedades básicas, como resistência à compressão e módulo de elasticidade, acho muito importante estudar a retração plástica. O problema é que temos um abacaxi para descascar, que é a correlação de tudo isso. Corriqueiramente, se aumento a resistência do concreto consequentemente estarei aumentando a retração plástica por utilizar mais cimento. Embora haja pesquisas avançadas que conseguem aperfeiçoar isso, o processo torna-se mais oneroso. Portanto, aumentar indiscriminadamente a resistência à compressão do concreto não é uma boa alternativa, mesmo porque algumas pesquisas mencionam que se dobrar a resistência à compressão vai-se diminuir a espessura do radier em 15% em determinados casos. Outro ponto que temos que garantir é o módulo de elasticidade do concreto, aspecto que causa muitas discussões e que depende de inúmeros fatores assim como a retração plástica. Já fiz o dimensionamento de alguns radiers utilizando concreto leve estrutural e tive bons resultados. No entanto, o controle para sua fabricação também é rígido. Um outro tipo de concreto que talvez possa contribuir sobremaneira é o concreto de retração compensada. Nos Estados Unidos é largamente utilizado, inclusive com revisão de norma recente. Só para nossos leitores não ficarem sem parâmetros, comecem o dimensionamento dos radiers armados com resistência à compressão do concreto de 25 MPa e radiers de concreto protendido com 30 MPa.

O concreto protendido é o mais recomendado?
Sou suspeito para falar sobre o radier protendido, pois é a técnica que mais gosto de dimensionar. Não seria questão de recomendação, e sim de economia, que está em torno de 30%. Isso depende de alguns fatores que fazem até algumas construtoras optarem pelo radier armado, mesmo sabendo que estão gastando mais. Acontece, em muitos casos, da construtora não se adaptar com o radier protendido e isso acabar refletindo até no organograma da obra. Então, nesses casos, o protendido não é utilizado. Mas que é econômico e seguro não tenho dúvidas.


Para se construir um radier exige-se mão de obra qualificada?
Depende. Se for um radier armado, acho que é muito trivial e as construtoras estão preparadas para fazer. Se for um radier com fibras, depende. O tipo de fibra muda a logística do concreto, pois o controle tecnológico no momento do lançamento é diferente. No caso do radier protendido também, mas neste caso, normalmente, é uma empresa terceirizada que faz a protensão ou a construtora recebe um treinamento para fazer a protensão e tem todos os equipamentos.

Quais são as principais inovações usadas na construção de radier?
uso de radier já é uma inovação no Brasil, por substituir fundações mais tradicionais. Falando de uma maneira global, digamos radier x radier, acho que o uso da protensão no radier está possibilitando cada vez mais a utilização racional do sistema, bem como a possibilidade de termos placas cada vez maiores sem juntas. Isso também vale para as técnicas de concreto de retração compensada, e em certos casos de radier pré-moldado.

Entrevistado

Engenheiro civil Fábio Albino de Souza, mestre em engenharia de estruturas, professor em uma série de instituições de ensino em São Paulo e com experiência no cálculo de radiers em solos expansivos e solos compressíveis. Atualmente, é Specialist SOG (Slab-on-Ground) da ADAPT Corp. No Brasil e dedica-se à conclusão do livro Radier: Simples, armado e protendido.
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Elkem - video produção de microsílica

Benefícios da Elkem Microsilica ® em concreto

Construção de pontes, estruturas marítimas, estruturas de estacionamento, abastecimento de água e esgoto instalações se beneficiar com o uso de microssílica.

A adição de microssílica proporciona benefícios nas propriedades de betão fresco, a melhoria da reologia para melhor bombear e estabilidade da mistura de betão. Betões especiais como alta resistência, auto-compactável, peso leve, concreto projetado e concretos de baixa permeabilidade são melhor feitos com microssílica.
Os benefícios de microssílica em concreto podem ser agrupadas em três aspectos:
Papers e diretrizes para a microssílica concreto
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Empacotamento (3) - modelos


MODELO DE FURNAS:
- As partículas são caracterizadas pelo seu diâmetro, volume e densidade.
- Modelo válido para partículas finas muito menores que as partículas grossas.
- Dependendo da mistura, podem ocorrer dois efeitos:


  • Efeito parede – incremento de vazios ao redor das partículas grossas ou da região de contorno.
  • Efeito “afrouxamento” (loosening) – aumento de vazios quando as partículas finas rompem o melhor empacotamento das partículas grossas.
Características do modelo:
- As proporções dos diversos tamanhos de partículas formam uma progressão geométrica.
- Considera diâmetros de partículas infinitos, o que na prática é impossível.

MODELO DE LARRARD:



Como não é possível se obter a compacidade máxima (virtual) em um procedimento usual de compactação,
no segundo modulo do modelo (LARRARD) são estabelecidas correlações entre a compacidade virtual e a compacidade real por meio de um fator, denominado fator de compactação (K).

No modelo de empacotamento compressível considera- se que há uma classe dominante de grãos, que consiste na classe que assegura a continuidade sólida. Quando as partículas de maior dimensão são as dominantes, elas preenchem o volume como se os grãos de menor dimensão não estivessem presentes.

Quando as partículas de menor dimensão são as dominantes, elas se encontram empacotadas na porosidade dos grãos de maior dimensão.

Também podem ocorrer os Efeito Parede e Efeito Afastamento.

MODELO DE TOUFAR
Neste modelo são consideradas duas classes de agregados (finos e grossos) constituídas por esferas perfeitas de um mesmo diâmetro. Esse modelo otimiza o empacotamento apenas dos agregados, é considerado que o cimento ocupará os espaços vazios deixados pelos agregados (Fennis, 2011).

A otimização de empacotamento de misturas ternárias, contendo agregados finos, médios e grossos, é obtida no modelo de Toufar modificado, em duas etapas. Na primeira são consideradas apenas duas classes para se obter uma mistura binária otimizada e na segunda etapa uma nova simulação de empacotamento binário é realizada entre a mistura previamente otimizada e a terceira classe de agregado.

O modelo de Toufar considera que as partículas finas são posicionadas entre quatro partículas grossas. No
entanto, mais tarde, as comparações com ensaios mostraram que este modelo prevê que a densidade de empacotamento de uma amostra de partículas mais grossas, não aumenta quando uma pequena quantidade de partículas finas é adicionada. Isto se dá devido, à suposição de que cada partícula fina é colocada num espaço, que é limitado por quatro das partículas grossas, então foi criado um modelo de Toufar modificado para corrigir esta consideração irreal (FENNIS, 2011).



MODELO DE ANDREASEN
O modelo de Andreasen considera uma distribuição real, onde todos os tamanhos de partículas podem ser
considerados, ou seja, uma poli-dispersão de distribuição contínua.

Utilizando simulações computacionais, FUNK e DINGER (1992) mostraram a influência do coeficiente “q” no empacotamento. Concluíram que, se o valor do coeficiente de distribuição for 0,37 ou menor, então cem por cento do empacotamento será possível para uma distribuição infinita, enquanto para o valor acima
de 0,37, existe sempre porosidade.

MODELO ALFRED
Também chamado de Modelo de Andrasen Modificado. FUNK e DINGER (1992) realizaram uma série de estudos nos modelos de empacotamento propostos, provando que os modelos de Furnas e Andreasen convergem para uma única equação.

MODELO DE FULLER THOMSON
Foi proposto originalmente em 1907. Matematicamente é similar ao Modelo de Andreasen, porém com o expoente 0,5.

Comparação entre os Modelos de Andreasen e Alfred:
Ambos os métodos são baseados no coeficiente de distribuição. Foram utilizados 3 coeficientes de distribuição diferentes em cada método: 0,37, considerado o melhor segundo a bibliografia, 0,22 e 0,52.

Os resultados obtidos indicam que não existe diferença estatística entre os dois modelos de empacotamento
analisados, porém o coeficiente de empacotamento já influi de forma significativa, sendo que o valor de q=0,37 se sobressaiu sobre os demais valores analisados.

FATORES DE INFLUÊNCIA

Morfologia, porosidade e densidade das partículas.
Efeito Parede.
Técnica de compactação.
Estado de dispersão.

ESTADO DE DISPERSÃO:
Partículas muito finas podem causar uma dificuldade adicional na obtenção de altas densidades de empacotamento por possuírem uma maior tendência à aglomeração, em virtude do aumento das forças
coesivas devido ao aumento da área superficial


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Empacotamento (2) - modelos


Para realizar o empacotamento das partículas existem alguns modelos matemáticos, as primeiras tentativas de oferecer o "melhor" de distribuição de tamanho de partícula ideal foram baseadas em ensaios com bolas de diferentes diâmetros. Estas experiências resultaram em curvas de distribuição de agregados que são atualmente aceitas como padrões. Um dos primeiros exemplos apresentados por Fuller(1907) é uma série de curvas que são amplamente utilizados para a otimização de agregados de asfalto concreto e:

onde: CPFT por cento do total de partículas que passa através (ou mais fino do que) crivo;
D tamanho máximo do agregado; DL diâmetro do crivo corrente; q e expoente da equação (0,45-0,7).

Com MYHRE & HUNDERE (1996) indica os modelos de FURNAS (1931), ANDEREGG (1931) e ANDREASSEN & ANDERSEN (1930) como clássicos, sendo o de FURNAS (1931) mais defendido pelos pesquisadores, apesar de ser mais difícil e incômodo para ser utilizado. ANDREASSEN & ANDERSEN (1930) propôs um modelo que é simples de se aplicar, no entanto, sua natureza é semi-empírica. Esse modelo apresenta a vantagem de não requerer nenhum fator de forma das partículas, mas é necessário que elas apresentem formas similares. Alguns pesquisadores não são favoráveis ao modelo de ANDREASSEN & ANDERSEN, pois ele admite partículas infinitamente pequenas, o que é irreal. A fim de superar esse problema, DINGER & FUNK (1992) combinaram a distribuição de ANDREASSEN & ANDERSEN e FURNAS, criando a distribuição chamada de "Andreassen Modificado", na qual o tamanho da menor partícula foi incorporado.

Os estudos teóricos e experimentais relacionados ao empacotamento de partículas resultaram de duas abordagens básicas: uma discreta, que considera as partículas individualmente (modelo de Furnas); e outra contínua, que trata as partículas como distribuições contínuas (modelo de Andreasen):

Onde CPFT é a porcentagem volumétrica de partículas menores que o diâmetro D, DL é o diâmetro da maior partícula, DS é o diâmetro da menor partícula, r é a razão entre o volume de partículas entre duas malhas de peneiras consecutivas e q é o módulo ou coeficiente de distribuição.

Recentemente, após uma extensa análise comparativa entre os modelos de Furnas e Andreasen, algumas considerações foram feitas, ficando aprovado que ambos os modelos convergem matematicamente para uma mesma equação (equação abaixo). Normalmente conhecida como modelo de Alfred ou Andreassen modificado, esta é um aperfeiçoamento dos modelos anteriores e mostra que, na realidade, os modelos de Furnas e de Andreasen podem ser visualizados como duas formas distintas de se expressar a mesma coisa. Além de introduzir o conceito do tamanho mínimo de partículas (DS) na equação de Andreasen, envolve também uma revisão matemática do modelo de Furnas. 
 
Por meio de simulações computacionais foi verificado que valores de “q” menores ou iguais a 0,37 podem favorecer o empacotamento máximo para distribuições infinitas, enquanto que para valores acima de 0,37, verifica-se sempre uma porosidade residual.

Para uma mistura apresentar boa capacidade de escoamento, o valor do coeficiente de distribuição deve ser menor que 0,30; assim, a consideração de “q” com valores próximos a 0,30 favorece a produção de concretos adensados com vibração.

Para  valores menores que 0,25 resultam em misturas auto adensáveis. O efeito da redução do valor do coeficiente de distribuição se dá no aumento da quantidade de finos, que influencia a interação entre as partículas. O efeito de reduzir o valor de “q” é um aumento na quantidade de finos que influencia na interação entre as partículas, formando um líquido viscoso quando misturado com água.

A classificação dos agregados com relação à suas formas e dimensões é importante para garantir um bom arranjo no concreto, de forma que se possa obter um material com menor índice de vazios, melhorando assim suas propriedades físicas e mecânicas.

Além dos requisitos físicos, devem-se considerar os aspectos econômicos: o concreto deve ser produzido com materiais que tenham custo compatível com a vida útil prevista para a obra.

Obs.: Não é preciso ficar apavorado sem entender nada. Existem programas que fazem o calculo de empacotamento e com dificuldade muito pequena, sempre levando em conta a granulometria dos materiais e as suas densidades reais. Vou indicar este programas. O empacotamento pode ser feito com a granulometria dos finos ou seja do cimento e adições (micro-sílica/metacaulim, etc.). O calculo do empacotamento deve ser verificado após a realização dos percentuais de mistura, para "conferir" o traço. Quero também dizer que mais da metade das concreteiras dos Estados Unidos utilizam o método do empacotamento.


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LEGIOBLOCK ®

O Legioblock ® é um sistema de construção flexível consistindo de intertravamento de blocos de concreto pesado. Legioblocks ® são fáceis de colocar, não necessitam de cimento e são, portanto, adequados para estruturas tanto temporárias e permanentes. Estes blocos de bloqueio de concreto formam uma solução total para a construção de todo o tipo de estrutura, tais como baías de armazenamento , muros de contenção ,armazenamento de sal , paredes bancas , firewall concreto s e galpões industriais . Legioblocks ® são eficazes em termos de custos, combine de alta qualidade com confiabilidade comprovada e também são resistentes ao fogo. Com mais de uma década sobre a experiência, Jansen Betonwaren fornece uma solução de circuito fechado, incluindo a concepção, cálculos estáticos, transporte e uma construção de especialista.







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