Antecessor do tijolo cozido, provavelmente a técnica de construção com terra mais conhecida seja o adobe.
A técnica consiste em confeccionar tijolos de barro com formas regulares e, através de processo de secagem natural em descanso, sobrepô-los com uma liga de argamassa de mesmo material formando as paredes.
Hoje, os tijolos de adobe podem representar uma alternativa formidável aos tijolos cerâmicos convencionais quando levamos em consideração o fato da necessidade de diminuir o consumo de energia e desperdício de material.
 O solo e a mistura
A terra apropriada para usar na construção é aquela que geralmente fica baixo dos 50 cm.
Acima disto na camada superficial, encontramos normalmente, a chamada terra vegetal que contém matéria orgânica em decomposição  microorganismos. Esta não é própria para a construção, pois se torna frágil quando seca e, além disto, compromete a salubridade dos ambientes.
A terra ideal é aquela de coloração amarelada, mas o solo de cor castanha e vermelha são também propícias para a construção. Devem ser descartadas aquelas com cor branca ou preta.
A terra é formada por partículas de argila, silte e areia. O solo utilizado para construir, por ser encontrado na natureza, não é padronizado, por isso muitas combinações podem ser usadas.
Dependendo da técnica utilizada, a mistura deve ser mais seca ou mais úmida. O barro deve ser a mistura deste solo com água e, por vezes, podem ser utilizados certos aditivos.
A proporção correta de areia e argila, normalmente fica entorno de 1:1 até 2:1. Proporções menores deixam a massa muito mole e o barro começa a ficar sem aderência.
Uma combinação que propicia um barro estável e denso é adicionar grãos, fibras, folhas secas e limpas à mistura. Estes aditivos estabilizam a massa e “amarram” internamente as moléculas de areia e solo.
Outra forma de criar misturas estáveis é adicionar cimento, cal e ou cinzas que acaba proporcionando uma liga mais resistente e mais durável.
Uma terceira opção é adicionar óleos vegetais, látex, seivas e ou betume asfáltico. Assim a mistura se torna mais impermeável e com menos água fica mais resistente às intempéries.
É essencial que a mistura, independente de qual for, seja bem amassada e peneirada para adquirir uma forma bem homogênea. Deve descansar à sombra aproximadamente por dois dias antes de ser novamente misturada e com água cria-se uma liga plástica.
Em seguida leva-se o barro para as formas. Podem ser de madeira metal ou plástico resistente. O importante no formato é que ao final, o tijolo ideal deva ter o comprimento duas vezes maior que a largura. Mesmo assim, outras dimensões possam ser confeccionadas, mas se tornam padrões especiais e requerem mais atenção com a mistura e ao processo de secagem.

O barro já com certa consistência deve ser despejado na forma e preencher por igual todos os cantos. A plasticidade da liga deve estar concisa e alguns minutos após encher, o tijolo já retirado da forma não dever parecer borracha.

O tijolo também não deve desmoronar, não deve ter suas quinas despedaçadas e ou afundamentos nas faces. Assim, após ser retirado da forma, este deve ser posto para secar, o ideal é antes de começar esta etapa, alisar as faces com uma espátula.
Logo que o tijolo é retirado da forma, convém lavá-la para utilizar novamente. Os resíduos, quando secos, acabam por comprometer a formação de novos blocos.
O processo de secagem dos tijolos de adobe depende das condições climáticas do lugar. Quando feito em tempo quente e seco, completa o ciclo mais rápido e melhor. Também é necessário avaliar o tipo de mistura e a quantidade de água contida nela.
Na primeira fase desta etapa, é bom que os tijolos fiquem expostos diretamente ao sol. Este é o momento crucial onde a maior parte da umidade é retirada.
Sempre manuseados com cuidado, é ideal que descansem sobre esteios de madeira limpa, pois essa absorve um pouco da água ao contato com o bloco. Contudo nesta etapa deve se tomar cuidado com as intempéries, os tijolos por estarem descobertos, não devem receber chuva.
Deve-se analisar neste momento se os blocos não estão trincando ou esfarelando. No restante do tempo, os blocos devem descansar à sombra.
Em todo o processo, ocasionalmente, os tijolos devem ser virados para secarem homogeneamente evitando deformações e retrações desproporcionais. Por fim, a armazenagem deve ser feita em local seco.
Para proteger a construção de adobe da umidade e estruturá-la corretamente, algumas medidas são necessárias:
Para a umidade que vem do chão, é interessante soergue-la. Pode-se fazer isso elevando a altura das vigas baldrame e/ou preparar uma base de concreto ou pedras.
Com mais segurança, a primeira fiada da construção pode ser de tijolo cerâmico para proteger a base da parede da água que respinga.

Deve se tomar cuidado para estruturar bem os vãos das janelas e das portas. Com pequenas vergas de madeira ou concreto, estabilizamos esses vão e protegemos as paredes.

Seja qual for o material escolhido e o tipo do telhado, é fundamental que os beirais tenham 50 cm ou mais, para proteger as paredes da chuva.
Por fim, é recomendável que uma cinta de vigas seja construída do topo das paredes para estruturar a casa.

Também é interessante cobrir as paredes com tinta e cal, protegendo-as das intempéries.
Autor: Fernando Bussoloti