Vinculações de apoio nas lajes treliçadas - Engetreli

Uma dúvida freqüente apresentada pelos profissionais da área de lajes treliçadas é com relação às suas vinculações de apoio.

Podemos considerar duas situações distintas de vinculação:

1) Apoio simples: nesse caso são transferidas apenas reações verticais para os apoios da laje. 


2) Engaste: ao se considerar que uma laje é engastada nas extremidades, ela estará transferindo não só reação vertical para os apoios, como também esforços de torção oriundos do engastamento.

É necessário ainda que se faça uma redução dos momentos negativos, aumentando assim os momentos positivos, a fim de levar em conta uma plastificação nos apoios, e ainda garantir que as vigotas treliçadas não ficarão frágeis, gerando problemas no transporte e escoramento. 


Grandes confusões são feitas na hora de escolher os vínculos a serem adotados, considerando-se vinculações de engastamento nas extremidades de lajes isoladas pelo simples fato de elas serem concretadas junto com as vigas de apoio (estrutura monolítica). Na realidade, ao se fazer esse tipo de consideração, são introduzidos esforços na estrutura que provavelmente ela não foi dimensionada para receber.

Para que tenhamos uma correta vinculação de engastamento, devemos garantir três condições para que nosso modelo estrutural tenha validade: - monoliticidade da estrutura (laje ancorada dentro da viga e concretagem simultânea); armadura negativa dimensionada e colocada na posição correta; e rigidez à torção dos apoios.

Sabemos que as vigas de apoio, de uma maneira geral, não são calculadas para receberem esforços de torção. Portanto, é obvio que ao se considerar engastamento sem o prévio conhecimento da estrutura, pode se estar cometendo um grave erro de dimensionamento da laje. Como nas lajes engastadas temos menores taxas de armadura dentro das vigotas, uma vez que as vigas da obra não estejam preparadas para receberem esse momento torçor, teremos uma laje funcionando como se fosse simplesmente apoiada. Nesse caso, provavelmente aparecerão patologias devido à falta de armadura positiva nas vigotas e até deformações excessivas por espessuras de laje insuficientes.

Um grande recurso para soluções técnicas economicamente viáveis e estruturalmente equilibradas é utilizarmos o engastamento de continuidade. Sobre esse assunto, falaremos no próximo informativo. 


2) Lajes Contínuas

Uma solução técnica viável, e economicamente interessante, é a utilização da continuidade entre as lajes. Com isso, podemos considerar que a laje é engastada nas continuidades sem a necessidade de solicitar as vigas de apoio à torção, pois como já dissemos no último informativo, é uma situação bastante anti-econômica, e portanto indesejada.

O engastamento de continuidade nos permite a redução da armadura positiva, a qual está posicionada dentro das vigotas, e em alguns casos ainda nos permite a utilização de lajes com menores espessuras, pois resulta em menores deformações. Temos assim, a redução do momento fletor positivo, e a introdução de momentos negativos junto aos apoios centrais. Nos apoios extremos, consideramos a laje simplesmente apoiada.


Por outro lado será necessária a colocação de armadura negativa nas continuidades, a qual será responsável por combater os esforços de tração oriundos do momento fletor negativo. Nessa região passamos a ter tração na parte superior da laje e compressão na parte inferior. 


Como sabemos, o concreto tem uma boa resistência à compressão, mas uma baixa resistência à tração. Sendo o aço bastante resistente à tração, é ele quem vai receber esses esforços. Daí a importância de se ter armadura negativa, a qual deve estar corretamente posicionada na face superior da laje, acima da malha de distribuição.

Outra medida muito importante que deve ser tomada ao se montar uma laje contínua é a execução de uma faixa maciça junto aos apoios das continuidades, a qual chamamos de mesa de compressão. Essa faixa de concreto servirá para absorver os altos esforços de compressão que aparecem na fibra inferior da laje devido aos momentos negativos. A laje treliçada é composta por vigotas intercaladas a elementos de enchimento inertes. Nessa região temos apenas o concreto das nervuras (vigotas) para absorver esses esforços de compressão. Como essa área de concreto muitas vezes não é suficiente, fazemos um acréscimo de área, retirando-se uma ou duas fiadas de lajota e criando-se essa faixa maciça.

Finalmente, devemos ainda tomar o cuidado de alinhar as vigotas, criando-se assim uma nervura contínua sobre os apoios.


3 Comments:

Unknown disse...

Muito bom!!

Túlio Oliveira disse...

Material leve e objetivo. Muito bom!

Engenharia de Estruturas disse...

Muito bom o seu artigo. Tenho um e-book onde abordo esse tema com bastante detalhe e com a resolução de vários exercícios

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